11月のある日、クリチーバに住む娘理奈から電話が入った。「Papai, テレビのGlobo Ruralの編集長にe-mailで私の下の文を添付しておくったらお礼のメールが来たの。そっちにも送ったわ」とのことで下記の文を受け取った。
日曜朝の農家向け番組”Globo Rural”をいつも見ているという。そしてその番組を通して私たちの過去の歴史？に眼を向けこの番組が自分にもつながっていると感じているという。移住初期の苦しかったころの話は子供たちにあまり話したことがない。しかし自分たちは農業移民の子であり農業にも親しみを持っているという。視野が広くなると言うのはいいことだ。
私たちだが今はほとんどこの番組を見ていない。しかし偶然にもレタスの番組の時は見た。
エスピリトサント州に移ってきたはじめの数年は農地にも関心がありあちこち見て回った。子供たちは後ろ座席で騒いでいた。新聞にはあまり良い所は出ていなかった。一度なんか車一台しか通れない左は丘、右は断崖絶壁の山道を数キロ走ってもまだ着かない。ここで他の車と出会ったらどっちかがバックしなければならない。いままで通ってきた数キロには車を廻せるところもない。ちょっと行くと何とか車を廻せるスペースを見つけたのでそこから引き返した。暗くなってくるし怖くなった。
それからは田舎の土地探しは止めた。数か所見たが皆向こう側に都合のいい条件だった。私たちも年を取ってきて弱くなってくるしと打ち切った。そんな時会社の重役の父親が書いた本を貸してもらった。それは彼の父の田舎暮らしの話でその中にこういう箇所があった。
それからは田舎の土地探しは止めた。数か所見たが皆向こう側に都合のいい条件だった。私たちも年を取ってきて弱くなってくるしと打ち切った。そんな時会社の重役の父親が書いた本を貸してもらった。それは彼の父の田舎暮らしの話でその中にこういう箇所があった。
「田舎に住む時に２度うれしい時がある。一度目は買った時でもう一度は売った時である」と。
これは町の者が息抜きにと買う土地のことで生産者の話ではない。
今も町の中で土地の広い家に住んでいる。年を取ってくるとこれでも持て余す。
色々なことを思いだし考えさせられる機会となった。
もう一つGlobo Ruralで思い出すのは月刊誌Globo Ruralだ。私は創刊号から買っていたが農地への興味もなくなり２年くらいで止めたと思う。しかし妙なことで創刊誌の値がどんどん上がっていった。新聞の広告で買う人がいたので２４冊を創刊号も含めていまの値段なら売ると電話したらあっさり承知したのでバスターミナルで待ち合わせ渡した。創刊号の表紙はインドから輸入した背にこぶのあるZebu牛だったと思う。
この文を見たとき私も気に入り後で娘に翻訳して私のブログに載せるからと言ったら娘も喜んでいた。しかしいざとりかかろうとすると意外に難しい。
西洋の言語だとほとんどが単語の訳でそのまま置き換えていけばよい。文字の並び文法がほとんど同じだ。しかし日本語の場合は違う。１００人訳して１００通りの違った結果が出る。
かくしてそのままほっておいたが今年も終わりになる。文章をよく見ると今年のとかいう部分がある。仕方ないとりかかることにした。私が常に言っていることだが日本語訳の場合翻訳ではなく創作だと。娘が言いたかったことはこういうことかなという訳にすると案外スムースにいった。
Os segredos revelados pelo “Globo Rural”
Domingo de manhã – 7H20.
Ainda cansada, mas rendida pela força do hábito, acordo mais cedo do que
gostaria. Vou até a sala, caio no sofá e ligo a televisão. Como já aconteceu
tantas e tantas vezes, assisto a “Pequenas Empresas, Grandes Negócios”. Faz
sentido: possuo uma pequena escola de línguas e cultura asiática e, ainda que
não tenha seguido nenhuma orientação específica, ele sempre me inspira a olhar
a realidade como um local de muitas e novas possibilidades de inovação.
Terminado o programa,
começa o “Globo Rural”. Que eu sempre assisto, hipnotizada pela música de
abertura e pelas lembranças que ela me traz.
Sou daquelas que sabem o
preço da saca do café arábica (o tipo 6 duro - ultrapassou os R$ 400), se houve
aumento do plantio da soja este ano (cerca de 6% com relação ao ano anterior) e
como está a cotação do milho no mercado internacional (teve a maior alta entre
os grãos: 13%). Já com relação à pecuária ou à criação de aves, confesso não
assistir com o mesmo interesse.
Quando o assunto é a horticultura, a atenção é total!
Quando o assunto é a horticultura, a atenção é total!
Minha seção preferida é a
de perguntas e respostas, para a qual mandam fotos ou vídeos contando os
problemas enfrentados e os especialistas respondem. Acho incrível! A surpresa
do programa de hoje foi o “caso do caju rachado”, que se descobriu estar com
fungos que podem ser facilmente combatidos por uma boa pulverização na época da
florescência. Que nome bonito – florescência!
Já a novidade do dia foi na
área das saladas. A USP de São Carlos desenvolveu quatro novos tipos de alface
mais crocantes - a romanela, a brunela, a crocantela e a rubinela. E até
mostraram um chef apresentando receitas com as novas alfaces. Acho que vou
ligar para minha mãe, para que ela fique de olho nessas novas alfaces que já
estão sendo distribuídas em feiras e mercados. Talvez ela já até conheça
alguma...
Esta semana, conversando
com o meu marido, descendente de alemães e italianos, chegamos ao tema
“domingos pela manhã”. Ele me disse que ele e as irmãs, quando crianças,
invadiam o quarto dos pais e ficavam deitados até a hora do “ritual de sair da
cama”, para o qual tinham uma coreografia esdrúxula (“um, dois, três, já!”).
E lembrei que nós também
tínhamos. Nos domingos de manhã, eu e meus dois irmãos também invadíamos o
quarto dos meus pais que, invariavelmente, estavam assistindo ao “Globo Rural”.
Como haviam trabalhado por muitos anos na roça, eles mantinham aquela poderosa
alma imigrante mesmo depois de muitos anos na cidade grande.
Eu, que só conhecia a
versão “engenheiro civil” do meu pai e a versão “multitarefas supersônico” da
minha mãe (com a sua pequena plantação doméstica de hortaliças e morangos),
estranhava vê-los tão entretidos assistindo ao programa, discutindo, por
exemplo, o preço do caqui e os efeitos da estiagem naquele ano.
Até que, pouco a pouco, fui
descobrindo, nessas nossas peregrinações dominicais à cama dos meus pais, que
eles haviam tido toda uma vida anterior muito diferente daquela que eu conhecia.
Uma vida marcada pelas alegrias e dificuldades da agricultura, da vida do
pequeno produtor, das cicatrizes do tempo, das intempéries e das dificuldades
enfrentadas pelos imigrantes.
Descobri, por exemplo, que
meu avô por parte de mãe (que não cheguei a conhecer) tinha espírito de
liderança e havia sido representante do bairro da associação agrícola de Cotia. E que, inclusive, meu pai o
ouvira discursar em uma cerimônia. E que minha mãe, além de cultivar as
hortaliças, aos 16 anos já dirigia, transportando a pequena produção de um lado
a outro.
Que, quando a família do meu pai chegou ao Brasil, não
conheciam a banana, e que, quando meu pai a provou pela primeira vez, ficou
surpreso por haver fruta tão perfeita – macia, doce, cheirosa e, ainda por
cima, fácil de descascar! Descobri também que, antes de comprar sua
propriedade, eles haviam sido arrendatários de terras por alguns anos.
E acho que assim, pouco a
pouco, as histórias do “Globo Rural” deixaram de ser as histórias dos outros.
Passei a nelas identificar um pedaço da minha própria história, e isso fez com
que o programa se tornasse obrigatório em meus domingos.
Meus alunos e amigos,
seguramente, mal suspeitam de que a professora de japonês, a amiga que nunca
conheceu a vida no campo, é fonte de informações sobre o preço dos grãos no
mercado nacional e internacional, e uma curiosa sobre as pragas da agricultura
e as variedades de sementes. Ou talvez suspeitem e, quem sabe, como filhos,
netos, bisnetos de imigrantes, entabulemos longas conversas sobre a melhor
forma de fazer florescerem nossas plantações imaginárias.
Lina Saheki - 02/11/2014
テレビ番組 “Globo Rural” が明かす秘密
日曜の朝―７時２０分。私はまだ疲れている、それでも習慣の力に負けてまだ起きたくないのに早く起きてしまう。応接間に行きソファに倒れ込みテレビをつける。もう、いままで何度も何度も繰り返したように”小さい会社、大きな取引”の番組を見る。これは当然です。私はアジアの言語と文化を教える小さな学校を経営しています。まだこの番組で見た指導に従ったことはありませんがこの番組は常に私に改新の多くの新しい可能性や現実を示唆してくれます。
この番組が終わると農家向けの”Globo Rural”が始まります。私はいつもオープニングテーマとそれが私にもたらす思い出にあたかも麻酔にかけられたように番組をみます。
私は今アラビカ種のコーヒーの出荷一俵の値段（硬タイプ６は４００R$を超した）とか、今年は大豆の植え付けが増加した（去年よりやく６％）とかトウモロコシの国際取引価格（穀物の中でも最高の１３％アップ）とかを知っているうちの一人です。畜産とか養鶏にはそれほどの興味はありません。
しかし話題が野菜栽培となると最大の注意を払って見ています。私が好きなセクションはQ＆Aで視聴者が今抱えている問題について写真や映像を送り説明し、その分野の専門家が答えます。とても素晴らしい。今日の番組の驚きは”カシューナッツのひび割れ”でこれは開花の時期にちゃんと薬を噴霧すれば簡単に解決することが出来るということでした。”開花”,なんと素晴らしい言葉なんでしょう！
今日の新しい話題はサラダについてでした。USP(サンサンパウロ大学)のサンカルロス校で新しい四種（Romanela, Brunela, Crocantela それに Rubinela） の歯ざわりの良いレタスの開発に成功したという話。これらの新しいレタスがすでに露天市やマーケットに出回っているとのことだから母に電話して注意しておくよう言っておこう。いや、ひょっとしたらもう知っているかも...
今週ドイツ/イタリア系の主人と話していて”日曜の朝”というテーマにたどり着きました。彼は子供の頃は姉さんたちと親の部屋に侵入し”ベッドから出る儀式”までそこに寝そべっていたそうです。その儀式とは三人で一斉におかしなジェスチャー付きの「１，２，３、それっ！」だったそうです。
そういえば私たちにもありました。日曜の朝二人の弟たちと親の部屋に侵入し“Globo Rural” を見ていました。長い間田舎で暮らしていたので両親は大都市に移った後もあの強い移民の精神を持っていたのです。
私はといえば “土木建築エンジニア”の父そして“超音速マルチワーカー”の（家庭菜園に野菜やイチゴを植えていた）母しか知りませんでしたので、楽しそうに番組を見，柿の値段やその年の干ばつなどを議論しているのを不思議に思って見ていました。
そして少しずつこの日曜日の朝の両親のベッドへの巡礼から私が今知っているのとは大きく違った以前の生活があったことを発見していきました。
時、災害そして移民が対面した困難が残した傷跡を持ち農業の喜びや困難さに刻まれた小農家の生活。
母方の祖父はリーダーシップを持っておりコチア産業組合の地方の地区代表を務めたことがあり私の父が組合のあるセレモニーで彼が話すのを聞いたことも発見しました。
私の母は１６歳で父を亡くし野菜栽培のかたわら自分のところで生産したものを移動させるのに車を運転していました。
私の父の家族がブラジルに着いた時バナナを知りませんでした。そして父が初めて食べた時こんなに完璧な果物があるのかと驚いたそうです、柔らかくて、甘くて、いい匂いがして、おまけに簡単にむける
。
。
そしてまた自分たちの土地を買うまでは数年間借地農をしていたことも発見しました。
このように少しずつ“Globo Rural”の歴史は他人の歴史ではなくなりました。その中に私自身の歴史を認識するようになったのです。
ということでこの番組は私の日曜日に不可欠なものとなりました。
私の生徒や友達は日本語の先生、農業のことなど全然しらない友が国内、国際の穀物の値段の情報源であることそして農業の害虫や種の種類などに興味を持っているなんて誰も気が付きもしないでしょう。
あるいは少しは気が付くかな、移民の子供、孫、ひい孫として私たちの想像の植物に花を咲かせる最良の方法についてテーブルを囲みじっくり話し合いたいということを。
佐伯理奈 （Lina Saheki）
.jpg)
