2007年11月13日火曜日

Conversa à escrita

1967, 7 anos após a chegada ao Brasil, nossa família trabalhava na lavoura no sítio de nossa propriedade no município de Biritiba Mirim, cerca de 80km ao leste de São Paulo e 20 km da cidade de Mogi das Cruzes (ou Moji como já escrevi antes), onde a presença de japoneses era significativa. Nosso sítio se situava no meio da pequena comunidade japonesa chamada Carmo, onde moravam cerca de 10 famílias japonesas. Comprar um sítio era o primeiro objetivo, ou quase um sonho, para imigrantes japoneses naquela época e conseguimos realizá-lo com muito esforço trabalhando de estrela à estrela longe da civilização (sem luz elétrica e água encanada).

No Brasil, muitos nomes das cidades tem origem Tupi-Guarani. Por exemplo, Biritiba Mirim significa lugar pequeno onde tem muitos biris (flores que nascem no lugar alagado) e Mogi (na verdade as palavras de origem Tupi-Guarani deveriam ser escritas com “j” conforme a ortografia, mas na prática “g” é mais usado até pelas prefeituras como Mogi das Cruzes, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, etc.) significa “Rio das Cobras” que se refere ao Rio Tietê que cruza o município de forma sinuosa como cobras. O Rio Tietê nasce no município de Salesópolis, o vizinho de Biritiba Mirim, e passa pela cidade de São Paulo e atravessa o todo Estado de São Paulo e deságua no Rio Paraná, cujo trajeto final recebe o nome de Rio da Prata e termina no Oceano Atlântico. Só o trecho do Rio Tietê tem cerca de 1100km. As gotas de chuva que caem a 22 km do mar viajam milhares de quilômetros e se tornam a água do mar. Isso se deve à Serra do Mar que acompanha a costa brasileira, o que faz baixar o nível do terreno à medida que avança para o interior do Continente. O Nosso sítio fazia a divisa com o afluente do Rio Tietê. Naquela época a cidade de Biritiba Mirim era pequena e a gente tinha que ir a Moji das Cruzes para qualquer coisa. A cidade de Moji (de forma abreviada) tinha muitos japoneses, 2 bancos, 3 cooperativas agrícolas e muitos outros estabelecimentos administrados por japoneses. Até não sentia necessidade do português, pois tudo podia ser resolvido em japonês, o que dificultou a aprendizagem da língua portuguesa.

Certo dia, saí cedo de casa para ir a Moji e, após resolver as coisas na Cooperativa, à tarde peguei um ônibus que ia para Salesópolis. Sentei no lado da janela e abri o jornal japonês editado no Brasil e comecei a ler. Senti que alguém sentou ao lado mas continuei a ler. O ônibus partiu, mas nem tirei olhos do jornal, pois a paisagem era toda conhecida. Ao terminar a leitura dobrei o jornal e olhei ao lado. Parecia ser um japonês. Por precaução cumprimentei em português “Boa Tarde”. Ele me devolveu “Boa Tarde”. Soou um pouco estranho no meu ouvido. Será que é japonês recém-chegado ? Não hesitei, agora em japonês “Onde o senhor mora ?” Mas para minha surpresa ele balançou a cabeça com gesto de não e respondeu em português titubeando “Não entendo”. Após a troca de vocabulário pobre, soube que ele era recém-chegado de Taiwan e morava perto do Rio Tietê. Vamos ser práticos, peguei a caderneta que sempre carregava no bolso e escrevi em kanji (caracteres chineses) meu nome, onde moro, composição da família, etc. etc. Passando a caderneta para ele, a resposta e outras informações vieram em kanji, onde morava em Taiwan, informações da família, etc. etc. Não sei quantas vezes a caderneta passou de mão para mão. Quando avistei a ponte que atravessa o Rio Tietê escrevi que tinha que descer no próximo ponto e guardei a caderneta no bolso. Peguei o pacote de compras na mão esquerda e estendi a mão direita e disse em chinês “Até a vista”. Segurando forte minha mão ele retribuiu em chinês “Até a vista”. Mas nunca mais o vi.
A foto abaixo tirada em 1973 quando fomos pescar em Salesópolis perto da nascente do Rio Tietê com meus irmãos.

0 件のコメント: